sexta-feira, 30 de março de 2007

VELHO CHICO TEM QUE SE MEXER

Em meio há protestos e muita polêmical, o Ibama concedeu a licença para o início das obras de transposição do Rio São Francisco. A licença tem validade de quatro anos e prevê o cumprimento de 51 condições para a realização do projeto, dentre elas: contratação de mão-de-obra local e a criação de programas de apoio a comunidades indígenas e quilombolas.
A obra consiste na construção de dois canais que percorrerão 720 Km. O objetivo desta é desviar a água do rio, que nasce no estado de Minas e deságua no Oceano Atlântico, para a parte da região nordeste que é assolada pela seca. Quatro estados serão beneficiados: Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba e Ceará.
O projeto está orçado em R$ 6,5 bilhões. E, segundo cálculo oficial, para a realização do plano, uma área de 430 hectares de floresta tropical será devastada.
Setenta organizações da bacia hidrográfica do São Francisco, de pescadores a ambientalistas, fizeram um protesto de uma semana em Brasília antes da aprovação da lei contra a transposição do Velho Chico, como o rio é conhecido.
Mas a liberação frente ao IBAMA não significa que o projeto será iniciado agora. O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira, disse em entrevista ao jornal O DIA que, “Por enquanto não há dinheiro em caixa”.

HISTÓRIA ANTIGA
As controvérsias quanto a transposição do Velho Chico são de longa data.
Em outubro de 2005, o bispo do município de Barra Mansa, no interior da Bahia, Luís Flávio Cápio, fez uma greve de fome contra o desvio das águas do rio São Francisco que durou 11 dias. O clérigo ficou em uma capela na pequena Cabrobó, no sertão pernambucano e só saia de lá para se banhar no rio, que ficava a 500 metros do local.
A atitude do bispo causou grande repercussão na mídia, dividiu a opinião pública e não recebeu a aprovação da Igreja. Mas chamou a atenção do presidente Lula. Tanto que o então ministro Jaques Wagner o visitou em Cabrobó levando uma carta do presidente. Na carta, Lula se comprometeu a prolongar o dialogo sobre a revitalização do rio antes do inicio das obras, apoiar a emenda constitucional que prevê liberação de R$300 milhões por ano durante 20 anos para a recuperação e convidou o bispo para uma audiência. Em fevereiro deste ano, o bispo levou uma carta ao presidente Lula pedindo ao governo para reabrir a discussão quanto a transposição do Velho Chico.
Porém alguns são a favor da transposição. O ambientalista Paulo Nogueira Neto foi o pioneiro no Brasil a estudar o ambiente e a se preocupar com a defesa deste, foi também o fundador do Conselho Nacional do Meio Ambiente sendo responsável pela criação de várias reservas e estações ecológicas, além de ter envolvimento direto com a realização da Eco 92. Numa entrevista ao programa RODA VIVA da TVE, o ambientalista se declarou a favor da obra de transposição do rio São Francisco, mas contrário ao projeto.


QUEM É O VELHO CHICO?
O Rio São Francisco, descoberto em 1502, é o terceiro maior rio do Brasil com 3.136 quilometros quadrados de extensão e sua bacia possui 640.000 quilometros quadrados de área. Ele nasce na serra da Canastra no município de Piumi, oeste de Minas Gerais e desemboca na praia do Pemba no estado de Alagoas, para desaguar no Oceano Atlântico. O velho Chico, como o rio é popularmente chamado, banha cinco estados (Minas Gerais, Bahia, Pernambuco,Sergipe e Alagoas) e exerce grande importância na cultura e na economia desses estados.
O nome do rio foi dado em homenagem à São Francisco de Assis, porque sua descoberta foi feita no dia de festejo do santo católico, mas ele também é conhecido como Opará, nome dado pelos índios.

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